Liberdade é saber que sempre existe o outro lado... (ou sobre o Poder, os meios de comunicação de massa e o Direito)
Li um livro muito bom de Jonh Kenneth Galbraith, chamado "Anatomia do Poder". Para ele, Poder é a capacidade que se tem de fazer com que os outros ajam de acordo com seu interesse.
Ele faz uma distinção entre as formas de poder (e as fontes de poder, mas por enquanto não interessa). Trocando em miúdos, o seguinte: há três formas de poder: a) condigno (faça o que eu quero ou te castigo); b) compensatório (faça o que eu quero que eu te recompenso de alguma maneira); e c) condicionado (faça o que eu quero imaginando que é bom pra você, mas na verdade é bom pra mim).
Os meios de comunicação tem um importante papel condicionador nessa conjuntura de "fazer andar a fila" (Alexandre Morais da Rosa), de mascarar a realidade, em benefício de uma minoria. O Judiciário e seus agentes, quando condicionados, acabam, em muitas situações e em maior ou menor escala, por fazer o trabalho inglório, mas com opulência e pompa, de manter a "ordem" tal como ela é - a despeito, na práxis, do princípio constitucional da isonomia, pois este não passa de um engodo retórico.
Tirando agora lições de Zaffaroni, diz ele que nossa classe provém dos extratos médios da sociedade, mas termina por atender aos interesses das camadas mais elevadas.
Na prática, culminamos, geralmente, por proteger os opressores dos oprimidos, os ricos dos pobres. Um exemplo é o sistema penal. Só pobre cai nele. Quem daqui da lista já julgou e condenou a cadeia alguém de posses? Ou rico não delinque? Na verdade, nem chega até nós. Fica na delegacia. E nós que imaginamos ter poder. Quem tem poder mesmo, nessa seara, é o delegado de polícia... Ele é quem tem na mão a peneira da farinha.
Acabamos atuando no varejo, prendendo e executando criminalmente pobres diabos, muitas vezes vítimas de dependência química que ao invés de um Estado que lhe estenda uma mão (tratamento), dá-lhe os punhos fechados (cadeia ou execução sumária)...
Os meios de comunicação produzem informação, condicionando-nos a crer em uma "realidade" que não reflete as verdadeiras relações de poder e de opressão existentes em um país tão desigual como o Brasil.
Por isso minha indignação quando assumimos papéis moralistas, com base em opiniões do chamado "discurso único" (Globo, Veja, Folha, etc.).
A solução para que não sejamos condicionados é ter outras leituras - contra-hegemônicas, como costumo dizer.
Assim, ao ler sua Veja ou Época, que tal saborear um pouco o ponto de vista da Carta Capital? Ao Reynaldo Azevedo e ao Noblat, curta a leitura de Luís Nassif e de Luís Favre...
Infelizmente, em se tratando de mídia televisiva, não há como fugir. Use o senso crítico mesmo. Ou continuará chamando MST de movimento de baderneiros e preguiçosos (sem ter o que falar sobre o trabalho escravo no campo, da concentração de latifúndios improdutivos e da razão de existirem movimentos sociais como ele no Brasil; e sem se perguntar por que não existe espaço para um MST na Suíça, na Dinamarca, na Suécia...), Chávez de ditador (apesar dele ter sido eleito democraticamente, ter sofrido um golpe militar da elite, comandada pela maior rede de televisão, com apoio expresso dos EUA, que estavam de olho no petróleo que antes de Chávez compravam quase de graça), Ahmadinejad de ditador e de querer criar a bomba atômica (sem refletir que no Oriente Médio o único país que possui bombas atômicas é Israel, aliado dos EUA, que Ahmadinejad também foi eleito democraticamente, com fiscalização e auditoria da ONU e sofre um processo de desestabilização apoiado pela CIA. Razão? Petróleo...).
Posso estar redondamente enganado. É verdade. Mas posso dizer que formei minha opinião dialeticamente, subsidiando-me através de duas óticas diametralmente opostas. Liberdade é saber que sempre existe o outro lado...
Tentativa de pensar o Direito em Paralaxe (Zizek) alexandremoraisdarosa@gmail.com Aviso: quem não tiver coragem de assinar os comentários aos posts, nem precisa mandar, pois não publico nada anônimo. Recomendo ligar para o Disk Denúncia...
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03/04/2010
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O desafio é como que se muda uma realidade onde os meios de comunição estão na mão de meia dúzia de bem nascidos. A sociedade (parte interessada) precisa sair do estado de letargia e começar a refletir um pouco. Como podemos ousar dizer que estamos numa democracia com 5 famílias concentrando o poder midiatico e “Publicando Opinão” que se usa de argumentos para a manutenção do “estado das coisas”? Viu-se a pouco, uma tentativa de discutir a democratização dos meios de comunição. Não demorou muito e a tratorada começo em desfavor das várias audiências públicas pelo Brasil, dialogadas com a sociedade democraticamente em que se discutia como iniciamos uma mudança a fim de que os meios fossem democratizados entre outros temas relevantes sobre comunicação. Um dos problemas é que ninguém se preocupa muito com isso. É mais cômodo aceitar e ser complacente? Pra que estresse? Nós temos sempre opções e faz tempo que estamos escolhendo sempre as mesmas. Uma hora o balão vai estourar. Desde cedo nós temos que tomar posições, e posições por vezes atingem interesses dos outros. Se os interesses dos outros não são legítimos sobre uma perspectiva de socialização de meios de garantem a participação democrática, não podemos ficar em estado de alcalose pra sempre. Alguma massa no universo temos que mexer. Mas as coisas não cominham nesse sentido, pra minha desilusão.
ResponderExcluirpor Pedro Córdova - pedrocordova@yahoo.com.br