Zizek: O problema não é se nossos desejos se encontram satisfeitos ou não. O problema é: “Como sabemos o que desejamos?”.
Não há nada espontâneo, nada natural no desejo humano. Nossos desejos são artificiais. Devemos ser “ensinados” a desejar.
O cinema é a arte pervertida por excelência. Não te dá aquilo que deseja... Ele te diz como desejar.
Cena de The Matrix (1999):
- É sua última chance. Depois não há como voltar atrás. Se você tomar a pílula azul, a história termina e você acorda em seu quarto, acreditando no que quiser acreditar. Tomando a pílula vermelha, você permanece no País das Maravilhas e eu te mostro quão profundo a toca do coelho pode ser – diz Morpheus para Neo.
Zizek: Mas a escolha entre a pílula azul e a vermelha não é verdadeiramente uma escolha entre ilusão e realidade. É claro que a Matrix é uma máquina de produzir ficções, mas são ficções que já estruturam nossa realidade. Se tirarmos da realidade as ficções simbólicas que a regulam, perdemos a nossa própria realidade. Eu quero uma terceira pílula. Mas o que é a terceira pílula? Certamente não algum tipo de pílula transcendental que conduza a uma experiência religiosa tipo fast-food, mas uma pílula que me permita perceber, não a realidade por trás da ilusão, mas a realidade contida na própria ilusão. Se algo se torna muito traumático, muito violento, ou está muito cheio de gozo, as coordenadas de nossa realidade se estremecem. Precisamos transformar isso em ficção.
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