O
mito fundador desta corrente de pensamento foi escrito em 1968 por G. Hardin:
verdadeiro vínculo comum da argumentação neoliberal, ele é conhecido sob o nome
“tragédia dos comuns”[1].
Imaginemos, explica Hardin, uma pradaria aberta a todos. É de esperar que cada
pastor procure criar o máximo de animais possíveis neste prado. Não há qualquer
problema, desde que o seu número não prejudique as capacidades de regeneração
do recurso em erva. Chega-se, no entanto, a um ponto em que esta começa a
rarear. Cada pastor dá-se conta disso e começa a preocupar-se. Mas,
individualmente, ele não pode modificar essa situação. Pelo contrário, enquanto
“pastor racional” ele tem todo o interesse em aumentar o número de cabeças de
gado que conduz ao pasto: em qualquer hipótese, o seu benefício é superior à
fração de desvantagem que suporta, por causa da deterioração crescente do
recurso coletivo. Entramos, assim, na lógica infernal da tragédia dos bens
comuns: cada um vê-se encerrado num sistema que o leva a aumentar a sua manada
ilimitadamente, num contexto de recursos limitados. E depressa se impõem a
conclusão: a liberdade dos bens comuns conduz à ruína de todos.
[1] HARDIN,
Garrett. "The Tragedy of the
Commons", in
G. HARDIN e J. BADEN (eds.), Managing the
Commons, São Francisco, 1977.
Nenhum comentário:
Postar um comentário