A Bala perdida e o Brizolão
// Postado por youPodePor Vera Malaguti Batista
A transformação dos territórios da pobreza em áreas de ocupação faz parte de um projeto muito amplo e profundo do que parece. A escalada bélica na luta contra o crime e na guerra contra as drogas é um fim em si mesma, elemento de um cenário geopolítico e de um programa econômico. A indústria do controle do crime constitui o setor mais ativo no capitalismo pós-crack da Bolsa: segurança e sua contrapartida, a criminalização das estratégias de sobrevivência dos pobres sem trabalho.
A idéia de que contra as favelas só a força bruta se ancora em permanências históricas brasileiras de longa duração. A aniquilação das civilizações indígenas, a escravidão e o liberalismo à brasileira (suplício mais disciplina) são marcas vivas em nossos corpos pardos e negros. A ocupação é uma tecnologia de guerra com modelos, equipamentos, táticas e treinamentos vendidos pelos países que a conceberam para domínio dos campos de petróleo, das áreas de produção da biomassa (do que restou das reservas naturais) e de tudo o mais que tenha valor nesse mundo em ruínas.
Ao longo desses anos, após a redemocratização, criou-se uma atmosfera produtora de demanda de medos que impusessem uma necessidade infinita de mais lei e ordem, principalmente contra os crimes dos pobres. Perdemos todos a mordida crítica contra a tradição exterminadora a que atiraram os agentes da segurança pública, a categoria mais sofrida dos trabalhadores brasileiros.
Ao longo desses anos, após a redemocratização, criou-se uma atmosfera produtora de demanda de medos que impusessem uma necessidade infinita de mais lei e ordem, principalmente contra os crimes dos pobres. Perdemos todos a mordida crítica contra a tradição exterminadora a que atiraram os agentes da segurança pública, a categoria mais sofrida dos trabalhadores brasileiros.
O resultado esta aí: quando as estatísticas oficiais torturam os números para demonstrar que os homicídios diminuíram, é que os mortos pela polícia não contam. Mas, para nós os inquietos, o que conta é o número de mortos, esse moinho de gastar gente que se instalou na cidade ocupada e pacificada para o reino dos grandes negócios esportivos transnacionais.
É coincidência que a bala perdida tenha matado o nosso Wesley no Brizolão? É claro que não, são os sintomas mais tristes e desoladores da derrota de um projeto de escola e de cidade
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