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16/01/2012

Coluna do Lenio Streck - Não se concorda com tudo, mas é divertida e bem escrita


Amigos: eis a minha coluna de O SUL de 24 de dezembro. Como disse, estou ficando conservador. Abraços.

 

 O FUTEBOL, A EPISTEMOLOGIA E O PCdoB

December 25th, 2011 | Author: clarissa
Coluna publicada no Jornal O Sul, no dia 24/12/2011, por Lenio Streck.

A CARTA DO PCdoB AO KAMARADA KIM IL-SUNG – O COMUNISCO FAKE DO PCdoB
No Brasil as coisas são fake. O capitalismo é de fancaria, porque as (grandes) empresas dependem do BNDEs e do Estado (lato sensu – incentivos fiscais, renúncias, anistias etc.). A indústria automobilística é a que mais lucra no mundo. E cobra os maiores preços. E não coloca air bag. Mas põe chassis fraquinhos, fraquinhos. Os consumidores são desrespeitados pelo capitalismo de terrae brasilis. Disque 1, se você é trouxa; 2, Se for idiota; 3, se quiser voltar ao menu…! A indústria de carros não gosta dos consumidores. A GOL também não. A Câmara de Vereadores de POA também não gosta dos eleitores. Mas já estou misturando os assuntos. É que o espaço é curto. Queria mesmo dizer que, se o nosso capitalismo é fake, o “nosso comunismo” é ultrafake. Os Kamaradas (동무) do PCdoB dizem, em carta, que o Grande Lider Kim Jong Il, pai do Querido Lider Kim Il-Sung e pai do agora entronado Kim Il Sung (é de avô para neto!) são lutadores pelo socialismo e contra o imperialismo e pela “democracia de massas”. O que é isto, companheiro? A Coréia do Norte é exemplo de quê? Mesmo quem tem simpatia pela esquerda “perde os butiás do bolso” com essa “carta de solidariedade à tristeza do povo norte-coreano” pela morte do “querido líder”. Chamo a isto de “fator sniff” (é uma onomatopéia, gente). E as frases (da carta) sobre o Partido dos Trabalhadores da Coréia do Norte? O incrível é que isso “não pega” nos Kamaradas do PCdoB. Efeito “teflon”. São comunistas pós-modernos. Esperando Godot…! Por isso, estoco não só comida, mas também ideologia. Já está faltando. Ainda vão vender isso no black. A propósito: quem entregará a “carta” ao povo norte-coreano? Resposta simples: o povo norte-coreano é um-todo-unido-com-o-Partido (assim, com os hífens). São uma coisa só. São tão unidos que em alemão a palavra é Verschmelzung – “fundidos” ou “misturados” (hoje meu sarcasmo passou dos limites, eu confesso!). Dizer mais o quê?
(IN)SEGURANÇA E (I)MOBILIDADE URBANA
Andando pelas grandes cidades da Alemanha, vê-se que o trânsito flui. E quase não se vê guardas na rua. Nem bloquinhos em suas mãos. E lendo sobre a segurança pública, vê-se que na Alemanha as prisões funcionam (entendam o que quero dizer com isso, por favor!). Não são depósitos de presos e nem masmorras medievais (leiam a minha coluna anterior, por favor, para entenderem melhor a discussão). E não há progressão de regime (que não é ruim, mas, no Brasil, é usada para desovar presos, para não precisar investir; ou alguém acha que se concede progressão de regime por “questões humanitárias”? Na verdade, é um cálculo puramente econômico!). E também não há indultos (não que os indultos sejam um “mal em si”; ocorre que, no Brasil, os indultos obedecem a cálculos de econômica, para “fazer” novas vagas nos presídios). E também não se concedem habeas corpus porque não há vagas nos presídios (imaginemos um autor de assalto ou latrocínio que não pode ser preso por falta de vagas – há vários exemplos disso no Rio Grande do Sul, o que me motivou, em 2009, a representar ao Procurador-Geral da República pela Intervenção Federal no RS, que, aliás, até hoje não se pronunciou a respeito…!). E as leis são duras (para todos e não só para o “andar de baixo”). Ao contrário do que diz o Dr. Marivaldo (do Ministério da Justiça). Ele é contra “penas mais duras”. Diz que não adianta. Seria bom que o Dr. Marivaldo passasse algum tempo em países como a Alemanha. E poderia trazer junto com ele o Secretário da Imobilidade Urbana de Porto Alegre. Juntos, poderiam reavaliar alguns conceitos. Os dois poderiam dizer: sim, mas em países como a Alemanha, a coisa funciona. Concordo. Mas, vejam: você estão no Brasil. Sejam criativos. E não se escondam atrás de jargões e frases de efeito do tipo “as prisões não regeneram; o problema é a impunidade” (de quem, cara pálida? Do andar de baixo ou do de cima?); ou, ainda, o trânsito não flui porque há carros demais…!). Indignemo-nos, os três (o Dr. Marivaldo, o Secretário e eu)! E vamos estocar ideias.
O FUTEBOL, AS “DUAS LINHAS DE QUATRO” E A EPISTEMOLOGIA
O jogo Santos e Barcelona acendeu a luz amarela da crônica esportiva. Dias e dias de flatus vocis (palavras ao vento). Incrível. Over dose de Neymar; over dose de “esquemas táticos”; over dose sobre a família dos jogadores. Até a cor das cuecas do Neymar mostraram. Gosto de futebol. Mas, por favor… Néscios de toda monta se metem a falar de coisas que são pura ficção. São os “neoepistemólogos” do futebol (na próxima coluna explico o que é “epistemologia”!). Oh, o técnico tal (chamado de “professor” – vejam o Roth é professor…!) joga com 3-6-1… Céus. E o Prof. Muricy? Jogou com três zagueiros fixos? Uau! Imagino os “três zagueiros fixos”…! Que “esquema”! E o pai do Neymar, o que acha disso? Pausa para ouvir o amigo de infância do primo do porteiro do prédio do… Neymar. Fulano, grita um neoepistemólogo cheio de gás, “qual é o esquema do Santos”? Seria melhor com duas linhas de quatro, acrescenta. E ficam horas falando sobre algo que qualquer jogador, com um drible ou um lançamento, acaba com a “teoria”. O Mazembe, que ganhou em 2010 do Internacional, que o diga. O “professor” Celso, o Roth(o), jogou com duas linhas de quatro… ou, sei lá, com 1-5-3-1…! Endeusam técnicos que nada mais são dos que motivadores. Ou personagens de livros de auto-ajuda. Ou alguém acredita que exista mesmo um “esquema tático”? Uma coisa é um jogador “ter posição”. Outra coisa é “matematizar” algo que é arte. Futebol é arte. Não há uma teoria sobre o futebol. Não dá para fazer epistemologia sobre o futebol. Pelo menos não é possível (epistemologizar o futebol) se se entender a epistemologia pelos modelos clássicos. Mas, quem vai entender isso? Se a maioria dos repórteres ou comentaristas tem dificuldade em fazer raciocínios abstratos e “fazer metáforas”, como exigir uma reflexão mais aprofundada sobre esse belo fenômeno artístico que é o futebol? Enfim… Os comentários sobre futebol não tem passado de flatus vocis. Sim, flatus vocis (para quem não sabe o sentido, recomendo ler Guilherme de Ockam, que não é um jogador vindo das categorias de base do Boca Junior, repatriado desde cedo para o Barcelona…!). Vou estocar imagens dos comentaristas da Sport TV…! E vender para o Monty Python.
FELIZ NATAL
Para todos os meus leitores, Feliz Natal e Grande 2012. E evitem o 8º. pecado, a ingratidão. Que feio é ser ingrato. Conheço muita gente assim. Pensem sempre na fábula do sapo e do escorpião. No meio do caminho, o escorpião não resiste…! Mas resistam aos “alacraus” (aracnídeos artrópodes)! Saludos!

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