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06/12/2012

As Neves do Kilimanjaro - Roberto Luiz Corcioli Filh


TERÇA-FEIRA, 4 DE DEZEMBRO DE 2012

As Neves do Kilimanjaro



As coisas – nos livros ou na tela – podem ser bem óbvias. Na película, aliás, a passividade do expectador, é ainda melhor alimentada em relação às letras porque o “esforço” de se concentrar à tela é bem menor do que aquele exigido para vencer páginas de leitura, ainda que em ambos os casos seja plenamente possível que o produto venha entregue pronto, mastigado e muitas vezes digerido ao consumidor.
Mas, no caso acima, tenho que não estaríamos propriamente diante deliteratura ou do cinema.
Se uma ou outro não suscita reflexão (e aqui não se está a exigir das letras narrativas um necessário fundo político-social e nem da sétima arte a produção de tratados de existencialismo, por exemplo), não nos leva a questionar a vida, valores, não nos faz perplexos, não evoca emoções (que surjam de maneira única em cada leitor ou expectador, ao invés de serem entregues tal qual um “combo” de fast-food), não aponta nossas falibilidades, não questiona nossas virtudes ou mesmo nos faz reconhecer outras, não se apresenta de um modo novo, se não nos faz sentir seres dotados de razão e emoção – quem sabe de uma maneira leve ou mesmo sublime –, bem, se nada disso ocorrer (dentre outras tantas infinitas possibilidades de ser tocado pela arte), é possível que estejamos diante de produtos da famigerada indústria do entretenimento, que literaturacinema não são, ainda que livros e filmes.
“As Neves do Kilimanjaro” (Robert Guédiguian, França, 2011) é um filme que se enquadra, com segurança, na categoria de cinema.
O filme retrata um operário francês (de Marselha) que, mesmo na qualidade de sindicalista, é sorteado, com alguns colegas, para deixar a empresa (e, assim, ajudarem a salvá-la), passando a dedicar-se à família até que se torna vítima de um assalto que irá marcar bastante a vida de toda aquela.
A partir deste enredo, coisas óbvias não têm lugar no desenrolar de uma história que leva Michel (Jean-Pierre Darroussin) e sua esposa Marie-Claire (Ariane Ascaride) a refletir sobre suas vidas, sobre seus valores e a buscar entender a vida e os valores de quem cometera um ato tão brutal. E as coisas apenas se complicam quando Michel descobre que um dos assaltantes é, justamente, um ex-colega de trabalho, um jovem que fora demitido com ele no tal sorteio organizado pelo sindicato e que passa a questioná-lo sobre as escolhas políticas deste mesmo sindicato (em última análise sobre certos aspectos de um estado de bem-estar social que já não é mantido), ao tempo em que Michael e Marie-Claire são postos diante da realidade familiar do jovem, que deixa para trás, ao ser colocado na prisão, dois irmãos menores, os quais, ao contrário do nos remete o estereótipo de um assaltante, eram diligentemente amparados por ele.
Questões de justiça (inclusive social), lealdade, ética e alteridade (e não um sentimentalismo superficial, uma compaixão sem sentido, ou coisas que o valham) são tratadas no contexto de conflitos existenciais experimentados pelo protagonista, que dedicou a vida à defesa dos trabalhadores de sua categoria e que, lançado ao desemprego já com idade para se aposentar, passa a ter que se adaptar a uma nova realidade ao mesmo tempo em que seus valores são colocados à prova.
Com o argumento final inspirado no poema “Les Pauvres Gens” (gente pobre), de Vitor Hugo, “Les Neiges Du Kilimandjaro” (cujo título é uma referência ao destino da viagem recebida de presente pelo casal e que fora deles roubada – não tanto no sentido literal do termo, mas muito mais figurativo, pelo que com eles aconteceu) é um daqueles filmes que valem pelo desenrolar tanto quanto pelo desfecho.
E o mais interessante é que não fecha conclusões lineares em cada um de nós (tanto para nós mesmos como, suponho, uns em relação aos outros).
Bem, isto, sem dúvida mesmo, é cinema.

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