Recompensa funciona melhor que punição, mostra estudo de Harvard
da New Scientist
Quer cooperação? Recompensar acertos pode ser mais eficaz que punir os erros, indica um novo experimento em teoria dos jogos, divulgado na revista "Science" desta sexta-feira (4).
No jogo dos Bens Públicos --um modelo de economia experimental--, jogadores escolhem se querem ou não contribuir com dinheiro para um montante comum. Este é multiplicado e redistribuído igualmente, independentemente de quem contribui e de quem não o faz.
Quando as pessoas jogam uma versão pura do jogo, a tentação de tirar proveito da situação --pegar a recompensa sem contribuir nada-- frequentemente leva à rápida desintegração da cooperação.
Pesquisa anterior mostrou que a cooperação é promovida ao permitir que os jogadores punam os aproveitadores: jogadores cooperativos pagariam uma pequena taxa que os permitisse infligir uma perda ao transgressor. Esta abordagem era mais efetiva que a recompensa, pelo menos em jogos em que os jogadores trocavam de parceiros a cada rodada.
David Rand e seus colegas na Universidade Harvard, que trabalham com assuntos tão diversos como economia, matemática e biologia, modificaram o jogo dos Bens Públicos para refletir o que eles argumentam ser um cenário mais natural: as pessoas jogam com o mesmo grupo por muitas rodadas, estabelecendo reputações uma com a outra.
Os jogadores poderiam escolher recompensar ou punir os outros a uma pequena taxa, caso o fizessem. Rand percebeu que recompensar ou punir conduziam igualmente à cooperação e a ganhos maiores.
No entanto, quando os jogadores tinham a opção de punir ou recompensar, e escolhiam recompensar, eles terminavam com um ganho final líquido ainda maior. "Ajudar o grupo acabava se tornando de interesse individual", diz o pesquisador.
"Você coça as costas do grupo e eu coço as suas", exemplifica.
Almoço grátis
Sam Bowles, professor de ciências comportamentais do Instituto Santa Fé, em Novo México, aponta que o jogo de Rand não reflete de maneira precisa economias reais. Ele indica, por exemplo, que sob as leis de Rand, o doador pagava US$ 4,00 e o beneficiado "magicamente" recebia US$ 12,00. Ele chama isto de um cenário artificial. "Se você pode levar embora o almoço de graça, tem alguma coisa errada", diz Bowles.
Rand explica que tais recompensas desproporcionais frequentemente acontecem quando nós investimos tempo, esforço e dinheiro ajudando as pessoas à nossa volta: ajudar um amigo a mudar os móveis, por exemplo, ou indicar um colega para uma promoção.
Ações como estas podem ter um menor custo para nós do que o benefício que podem proporcionar aos outros. "Este tipo de interação produtiva é a base de nossa sociedade e não deveria ser desconsiderada", argumenta ele.
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